Como quase me tornei servidor público e escolhi ser advogado

Por que escolhi ser advogado? E por que a advocacia em Direito Público?

Bem, para entender por que escolhi atuar unicamente na advocacia publicista, é preciso voltar lá atrás nessa linha cronológica imaginária que nos trouxe até aqui.

Grande parte da minha família paterna é composta por servidores públicos, assim como os amigos dessa ala da família também eram.

No imaginário destes parentes, o servidorismo público representa estabilidade e tranquilidade financeira.

Consequentemente, trilhei toda a minha graduação voltada para o servidorismo público

E, a bem da verdade, precisamos reconhecer que alguns escritórios de advocacia privados não valorizam o estagiário e se valem desse profissional apenas como officeboy, pagando a ele uma bolsa de estágio ínfima.

Por essas e outras, eu nunca quis estagiar em um escritório de advocacia privado. Eu queria experiência e prática jurídica consistente.

Estágio em instituições públicas

Foi com esse pensamento que me dediquei a processos seletivos para atuar em instituições públicas. 

Como eu dizia, foram mais de 10 seleções e mais de 10 aprovações. A cada semestre, uma instituição diferente me convocava para assumir a posição de estágio.

Foi assim que experimentei atuar na Defensoria Pública da União, Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, Ministério Público Estadual e Tribunal Regional Eleitoral.

Na época em que estava no TRE, inclusive, dispensei o estágio no Ministério Público Federal, que oferecia bolsa menor.

Tudo indicava para o serviço público. Mas será?

Não satisfeito apenas com as experiências práticas, decidi cursar todas as matérias optativas possíveis em Direito Público, ainda na graduação: Processo Administrativo, Eleitoral, Processo Constitucional etc.

Desta forma, meu caminho parecia já estar todo trilhado à minha frente: estágio em instituições públicas, estudando ainda na graduação para concursos de nível médio.

Tudo até aquele momento indicava que eu seria servidor público.

Mas um capítulo novo forneceu a perspectiva diferente para abrir o horizonte da minha carreira.

Prestes a me formar, mais uma vez o Direito Público (sim, esse mesmo ramo que trata dos conflitos entre o cidadão e o todo poderoso Estado) entra na minha vida.

Fui convidado para ser assistente de Juiz de Direito em uma Vara da Fazenda Pública Estadual que atuava em ações envolvendo servidores e concursos públicos.

Vale mencionar, que nesse período obtive aprovações em vários concursos públicos, desde fiscal de tributos a oficial de justiça.

E é claro, como bom concurseiro também obtive reprovações. E por isso, eu entendo tão bem a dor e as frustrações de cada cliente que me procura.

Como também, celebro com entusiasmo cada vitória, a cada nomeação de nossos clientes.

Pois bem.

Convicto da minha decisão, antecipo minha colação de grau e passo a exercer as funções de assistente de juiz de Direito, tendo a oportunidade de entender como um magistrado pensa.

A verdade é que faltava algo

Eu amava e amo o Direito Público. Foram quatro anos de estágio em instituição pública e, agora assistente de Juiz de Direito, estava dominado e apaixonado por esse ramo jurídico.

Mas não era suficiente. Sentia que faltava algo.

Talvez o metodismo, a falta de dinamicidade e o engessamento da máquina pública ainda não se encaixassem no meu perfil. 

Isso mesmo, temos que reconhecer que o servidorismo público é muita mais uma questão de perfil do que mera uma escolha econômica.

E foi por esse motivo que criei a coragem necessária e deixei o cargo de assessor de juiz para me tornar o que realmente desejava: um defensor daqueles que são vítimas do Grande Leviatã.

Esse “monstro” é justamente a representação do filósofo Thomas Hobbes para o Estado, uma ficção jurídica que tem muito mais poder que você, quando desassessorado de um advogado especialista.

A decisão correta

Olhando para trás, agora comemoro o fato de que meus projetos e as projeções e expectativas dos outros sobre mim não se realizaram.

Ser servidor público não é função para qualquer um. Exige paciência, sacerdócio e um até senso de dever comum.

No meu caso, encontrei todos esses elementos na advocacia.

E espero que esse relato seja inspirador ou ao menos ajude nessas questões tão subjetivas e particulares.

O que posso dizer com certeza é que, hoje, sou feliz com cada defesa, cada caso em que atuo como artesão para melhor atender você, cliente, que é a razão das manhãs de alma reluzente de um advogado realizado com o que faz.